Trump e Kim apertam as mãos em encontro histórico
em Singapura (Foto: Reprodução)
O presidente dos EUA, Donald Trump,
gesticula ao falar com jornalistas ao lado do
líder da Coreia do Sul, Kim Jong-Un, no Capella Hotel,
na ilha de Sentosa, em Singapura, na terça-feira (12)
Foto: Anthony Wallace/Pool via Reuters
Kim Jong-Un e Donald Trump se cumprimentam
durante reunião ao lado de assessores,
em Singapura, na terça-feira (12)
Foto: Kevin Lim/The Straits Times via AP
Publicado originalmente no site G1 Globo, em 11/06/2018
Kim Jong-Un diz que 'mundo verá grande mudança' após
encontro com Trump em Singapura
Esta é a primeira vez que líderes dos EUA e Coreia do Norte
se reúnem. Acordo com quatro itens foi assinado e Trump disse que 'certamente'
convidará Kim para uma visita à Casa Branca.
Coreia do Norte e Estados Unidos decidiram deixar o passado
para trás e "o mundo verá uma grande mudança", segundo o líder
norte-coreano Kim Jong-Un, que nesta terça-feira (12) assinou uma declaração ao
lado do presidente dos EUA, Donald Trump.
Em um dos quatro itens do documento, Kim se compromete a
trabalhar pela desnuclearização completa da península coreana, reafirmando o
que foi determinado pela Declaração de Panmunjon, assinada em 27 de abril de
2018 pelas duas Coreias.
O conteúdo do documento foi considerado "bastante
completo" por Trump, que diz ter estabelecido uma ligação especial após a
assinatura. O presidente americano disse, inclusive, que irá
"certamente" convidar Kim a visitar a Casa Branca.
"Aprendi que ele é um homem muito talentoso que ama
muito seu país. É um negociador de valor, que negocia em benefício de seu
povo", elogiou.
O documento assinado por Trump e Kim consiste em quatro
pontos:
EUA e Coreia do Norte se comprometem a estabelecer relações
de acordo com o desejo de seus povos pela paz e prosperidade;
Os dois países irão unir seus esforços para construir um
regime de paz estável e duradouro na Península Coreana;
Reafirmando a Declaração de Panmunjon, de 27 de abril de
2018, a Coreia do Norte se compromete a trabalhar em direção à completa
desnuclearização da Península Coreana
Os EUA e a Coreia do Norte se comprometem a recuperar os
restos mortais de prisioneiros de guerra, incluindo a imediata repatriação
daqueles já identificados.
Encontro inédito
Pela primeira vez na história, líderes dos Estados Unidos e
da Coreia do Norte se encontraram pessoalmente para tentar chegar a um consenso
sobre o desmonte do programa nuclear e balístico da fechada ditadura comunista,
em troca de alívio econômico para o país hoje afetado por duras sanções. O
esperado e histórico encontro de Donald Trump e Kim Jong-un aconteceu na manhã
de terça-feira (12, horário local), em Singapura.
Os dois tiveram um primeiro encontro privado e depois
promoveram uma reunião ao lado de seus assessores. Em seguida, participaram de
um almoço ao lado de suas respectivas comitivas.
Após este evento, os dois líderes caminharam juntos e Trump,
em uma breve declaração a jornalistas, disse que o encontro estava sendo
"melhor do que qualquer um poderia esperar". Em seguida, ele mostrou
seu carro ao norte-coreano e manteve o que pareceu ser uma conversa amistosa
durante alguns minutos, antes de os dois se separarem e seguirem em direções
opostas.
O local do encontro foi o luxuoso hotel Capella, na ilha de
Sentosa, famosa por suas praias turísticas e seus campos de golfe
espetaculares. Singapura designou partes de sua região central como uma
"zona especial", onde os procedimentos de segurança estão mais
rigorosos. O espaço aéreo sobre a rica cidade-Estado está temporariamente
restrito durante partes dos dias 11, 12 e 13 de junho.
Quando se sentou ao lado de Kim, Trump disse ter esperança
de que a cúpula seria "tremendamente bem-sucedida". "Teremos um
ótimo relacionamento pela frente", acrescentou. O ditador norte-coreano
disse em seguida que havia enfrentado uma série de "obstáculos" para
o encontro. "Nós superamos todos eles e estamos aqui hoje", disse a
repórteres, por meio de um tradutor.
A reunião teve como tema o fim do programa de armas
nucleares e balísticas da Coreia do Norte, cujas ambições têm sido uma fonte de
tensão há décadas. Além do encontro de Trump e Kim, estavam previstas diversas
reuniões entre representantes dos dois países ao longo de cinco dias.
Os EUA, temendo o desenvolvimento de mísseis nucleares que
poderiam atingir o país, pedem a desnuclearização "completa, verificável e
irreversível" da Coreia do Norte. Como resultado, a Coreia do Norte pode
comprometer-se a apresentar um relatório sobre o atual arsenal e permitir uma
verificação internacional completa.
De sua parte, Kim Jong-un parece tentar salvar a economia
norte-coreana que vem sofrendo o impacto das sanções impostas pelos EUA e pela
ONU. Ele disse que deseja "avançar para uma desnuclearização da península
coreana", mas por meio de um processo "passo a passo", com
garantias de segurança e incentivos diplomáticos e econômicos.
Antes do diálogo, provocações
O inédito encontro entre os líderes dos Estados Unidos e da
Coreia do Norte ocorre, paradoxalmente, poucos meses depois do acirramento das
tensões entre os dois países.
Somente em 2017, primeiro ano de Trump na Casa Branca, os
norte-coreanos lançaram 23 mísseis. Em um deles, em novembro, a Coreia do Norte
anunciou ter testado um projétil capaz de alcançar "todo o território dos
Estados Unidos", segundo a emissora de TV estatal KCTV.
Em resposta, Trump anunciou sanções contra 56 empresas da
Coreia do Norte, que, segundo ele, significavam "as mais importantes"
já impostas a Pyongyang.
Trump também usou o Twitter para rebater as ações e os
discursos de Kim Jong-un. Após o ditador da Coreia do Norte dizer que tem
sempre à mesa um botão nuclear, o presidente dos Estados Unidos rebateu:
"Eu também tenho um botão nuclear, mas é um muito maior e mais poderoso
que o dele. E o meu botão funciona!"
Tensões se dissiparam
A tentativa de aproximação entre as coreias do Sul e do
Norte — aquecida, inclusive, pela união dos dois países na abertura da
Olimpíada de Inverno — levou, em abril, os líderes das nações separadas a um
encontro histórico em que ambos os lados discutiram a desnuclearização da
península.
Enquanto ocorriam as negociações para o encontro coreano.
Trump surpreendeu ao dizer que Kim Jong-un o havia convidado para reunião — e
que ele havia aceitado o convite.
Trump, que não participou do anúncio, comentou no Twitter.
"Kim Jong Un falou sobre a desnuclearização com os representantes
sul-coreanos, não apenas um congelamento. Além disso, nenhum teste de mísseis
pela Coreia do Norte durante esse período. Grandes progressos estão sendo
feitos, mas as sanções permanecerão até que um acordo seja alcançado. Reunião
sendo planejada!", escreveu.
Pouco tempo depois, o então diretor da CIA e atual
secretário de Estado americano, Mike Pompeo, viajou para a Coreia do Norte, onde
teve um encontro secreto com Kim Jong-un, mostrando um avanço nas relações
entre os dois países. Ele voltou de lá com três americanos que tinham sido
detidos por Pyongyang por suspeita de atividades anti-estatais.
Na carta divulgada nesta quinta, Trump agradece pela
libertação dos americanos: "Quero agradecê-lo pela libertação dos detidos
que agora estão em casa com suas famílias. Aquele foi um bonito gesto e foi
muito apreciado", afirma o presidente na carta.
Encontro quase não ocorreu
Porém, em maio, a Coreia do Norte suspendeu as conversações
de alto nível com a Coreia do Sul, citando como motivo exercícios militares
conjuntos de Seul com os EUA. O governo norte-coreano vê os exercícios como um
treino de invasão do seu território e uma provocação em meio à melhora de
relações entre as duas Coreias.
O regime de Kim Jong-un já tinha colocado em dúvida
realização da cúpula prevista com Trump. E, em 21 de maio, Trump disse que o
encontro histórico poderia atrasar ou não acontecer caso certas condições não
sejam cumpridas - embora não tenha explicados que condições seriam estas.
Trump, então, chegou a cancelar a reunião. "Estava
muito ansioso para me encontrar com você", disse o presidente dos Estados
Unidos em uma carta dirigida ao líder norte-coreano, que foi divulgada pela
Casa Branca.
"Infelizmente, com base na enorme raiva e hostilidade
aberta exibida em sua declaração mais recente, sinto que é inadequado, neste
momento, ter essa reunião planejada há muito tempo", afirmou.
A pressão dos Estados Unidos surtiu efeito. Menos de duas
semanas depois de cancelar o encontro, Trump voltou a confirmar a reunião para
12 de junho, em Singapura. O anúncio ocorreu após uma reunião entre o
republicano e o braço-direito de Kim Jong-un, Kim Yong-chol, na residência
oficial americana.
"Acho que provavelmente será um processo muito
bem-sucedido", afirmou Trump após remarcar a reunião.
Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com
Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com
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