Publicado originalmente no site da EURONEWS, em 27/04/2018
Um dia histórico na Península da Coreia
De Antônio Oliveira E Silva
Um dia diferente do habitual na Zona Desmilitarizada entre
as duas Coreias, com a chegada o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, para um
encontro oficial com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.
A chegada de Kim a Panmunjon, zonal altamente protegida, foi
coroada com sorrisos e apertos de mão, num clima que, para as câmaras, se
queria o mais relaxado possível. Moon Jae-in é consciente de que se trata da
primeira visita do género da parte de um líder norte-coreano desde o fim da
guerra, em 1953.
À chegada, Kim falou num início de uma nova fase na história
da relação entre as duas Coreias:
"Estamos a escrever um novo ponto de partida, hoje,
estamos numa nova história de paz, de prosperidade e de relações entre as
coreias."
Até há poucas semanas, perecia impossível que, em pouco
tempo, os repórteres de imagem teriam a oportunidade de filmar os líderes das
Coreias, juntos, numa conversa.
A retórica foi subindo de tom, não só entre as duas Coreias,
mas também entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos e o Japão, por causa dos
ensaios com mísseis balísticos nucleares levados a cabo por Pyongyang.
A Coreia do Norte chegou, mais do que uma vez, a lançar
ameaças contra a integridade territorial dos EUA e do Japão, violando, por
diversas vezes, as decisões tomadas pelas Nações Unidas, e dando passo a novas
fases dos testes com mísseis balísticos.
O comportamento do Governo norte-coreano, tido como rebelde
pela Comunidade Internacional, nomeadamente os últimos lançamentos de mísseis
sobre o Mar do Japão, valeu vários pacotes de sanções sobre Pyongyang, o que
deixou a economia nacional de rastos.
Os primeiros a pagar fatura foram, como não poderia deixar
de ser, os habitantes de um dos regimes mais fechados do Planeta.
O encontro acontece quando faltam apenas algumas semanas
para o encontro entre o líder da Coreira do Norte, Kim Jong-un, e o presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump.
O presidente dos EUA quer debater com Kim as possibilidades
de pôr termo à presença de armas nucleares na Península da Coreia e ao fim do
programa de desenvolvimento de armas nucleares de Pyongyang.
Um encontro para uma paz permanente
Os dois líderes debateram o fim da presença de armas
nucleares na Península durante o encontro da manhã. Espera-se que assinem uma
declaração de intenções conjunta, da parte da tarde.
Durante o encontro Kim disse que tinha a intenção de, fazer
da visita um momento para acabar com um conflito histórico. E brincou com Moon,
o presidente da Coreia do Sul, ao pedir-lhe desculpas por acordá-lo com o
lançamento de mísseis balísticos nucleares.
O presidente da Coreia do Norte disse que estava disposto a
visitar Seul e que gostaria que o presidente sul-coreano fosse a Pyongyag e que
deveriam "encontrar-se mais vezes."
Dias antes do encontro entre os líderes das Coreias, Kim
Jong-un anunciou que a Coreia do Norte iria suspender os testes com mísseis
balísticos de longo alcance e que iria desmantelar as instalações onde eram
levados a cabo testes nucleares.
Os críticos de Kim, no entanto, duvidam que tenha mesmo a
coragem de abandonar o programa nuclear, que demorou décadas a desenvolver e
que vê como necessário para impedir uma possível invasão dos EUA.
A verdade é que duas cimeiras anteriores, realizadas no ano
2000 e em 2007, falharam os seus objetivos e Pyongyang continuou com os
projetos nucleares.
Depois de um encontro de 90 minutos à porta fechada, Kim foi
conduzido de volta para o norte numa limusina protegida por um grupo de
guarda-costas.
Mas nem todos na Coreia do Sul estão contentes com a
aproximação entre o norte e o sul. Centenas de manifestantes concentraram-se no
centro de Seul para protestar contra o encontro.
Outros, marcharam para expressar o apoio a uma eventual
reunificação Coreia.
A Coreia do Sul, país considerado muito desenvolvido, e a
Coreia do Norte, um dos países mais pobres da região e com um dos regimes mais
fechados do mundo, encontram-se, tecnicamente, em guerra. Isto porque a guerra
da Coreia acabou com uma trégua e não com um tratado de paz.
O encontro teve lugar num local com importante significado
para ambos os lados, a chamada Zona Desmilitarizada. Um território com 260
quilómetros de comprimento e quatro quilómetros de largura, definida em 1953,
como uma zona de apaziguamento entre norte e sul.
Texto e imagem reproduzidos do site: pt.euronews.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário