Moniz Bandeira é um dos pioneiros no
estudo das Relações Internacionais.
Publicado originalmente no site da revista CartaCapital, em 10/11/2017
Memória
Referência na ciência política, Moniz Bandeira morre aos 81
anos
Por Redação
Indicado brasileiro ao Nobel, ele vivia na cidade alemã de
Heidelberg, onde era cônsul honorário
Morreu nesta sexta-feira 10, em Heidelberg, na Alemanha, o
historiador e cientista político Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, um dos
mais notáveis intelectuais brasileiros e um pioneiro no estudo das Relações
Internacionais.
Moniz Bandeira tinha problemas cardíacos e estava internado
desde outubro. Ele morreu por volta das 14h na cidade alemã de Heidelberg, onde
encontrava-se radicado e era cônsul honorário do Brasil. Ele deixa a mulher
Margot Elisabeth Bender, de nacionalidade alemã, e o filho, Egas.
Em janeiro deste ano Moniz Bandeira concedeu uma entrevista
a CartaCapital sobre seu último livro, A Desordem Mundial, no qual analisa as
consequências para o resto do planeta das intervenções militares e diplomáticas
dos Estados Unidos nas últimas décadas.
Moniz Bandeira era doutor em Ciência Política pela USP,
professor aposentado de história da política exterior do Brasil na Universidade
de Brasília e professor-visitante nas universidades de Heidelberg, Colônia,
Estocolmo, Buenos Aires, Nacional de Córdoba e Técnica de Lisboa.
O cientista político era especialista em política exterior
do Brasil, principalmente com a Argentina e os Estados Unidos. Em 2015, foi
indicado ao Prêmio Nobel de Literatura pela União Brasileira de Escritores
(UBE), em reconhecimento pelo seu trabalho como "intelectual que vem
repensando o Brasil há mais de 50 anos".
No ano seguinte foi homenageado na UBE com o seminário
"80 anos de Moniz Bandeira", ocasião em que sua obra foi destacada
por importantes personalidades do meio acadêmico, político e diplomático
Algumas de suas obras
mais relevantes são Brasil, Argentina e Estados Unidos (Da Tríplice Aliança ao
Mercosul) e Formação do Império Americano (Da guerra contra a Espanha à guerra
no Iraque), pela qual ganhou o prêmio Juca Pato, ao ser eleito pela UBE, por
aclamação, como Intelectual do Ano 2005.
Além de influente intelectual, Moniz Bandeira também teve
uma importante trajetória de militância política. Filiado ao Partido Socialista
Brasileiro, dentro do qual foi um dos organizadores da corrente Política
Operário (Polop), acompanhou João Goulart em seu exílio no Uruguai após o golpe
de 1964.
Clandestino em São Paulo, publicou em 1967 o livro O Ano
Vermelho – Revolução Russa e seus Reflexos no Brasil. Em 1973, quando ele já estava outra vez
preso, a Editora Civilização Brasileira lançou Presença dos Estados Unidos no
Brasil (Dois séculos de História), que se tornou um clássico na área de
relações internacionais. O livro foi traduzido para o russo e publicado na
então União Soviética.
Durante o governo de Leonel Brizola no Rio de
Janeiro, nos anos 1980, Moniz Bandeira foi nomeado Diretor-Superintendente do
Instituto Estadual de Comunicação.
Texto e imagem reproduzidos do site: cartacapital.com.br
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