sábado, 14 de maio de 2016

Sargento da PM adota criança que nasceu dentro de viatura.


Publicado originalmente no site G1 SE., em 09/05/2016.

Sargento da PM adota criança que nasceu dentro de viatura.

Criança foi adotada recém nascida em 2009.
'Samara é um exemplo de vida', diz sargento que adotou criança.

Do G1 SE.

A sargento Polícia Militar de Sergipe,  Simone Linhares, comemorou o Dia das Mães com a pequena Samara de apenas 6 anos que ela adotou. A menina nasceu dentro de uma viatura da Polícia Militar em dezembro 2009.

“Eu estava patrulhando, próximo à avenida Euclides Figueiredo [zona norte de Aracaju], quando avistei uma mulher em via pública, em trabalho de parto. Daí eu me aproximei e perguntei se ela estaria precisando de algum apoio. Ela disse que precisava chegar até a maternidade. Eu a conduzi, no veículo da Radiopatrulha, até a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, mas aí, chegando na entrada da unidade, ela acabou dando à luz a criança dentro da viatura”, relatou a sargento que trabalha há 23 anos na Corporação.

A história de amor entre elas estava apenas começando. “Quando eu a entreguei na maternidade, a mãe biológica pediu para o guarda me chamar e dizer que ela não teria interesse e que a menina era minha. A princípio eu fiquei assustada e sem saber o que fazer, porque eu sou separada, já tenho um filho e não pretendia ter mais um. Mas aí, quando eu vi a menina, ela abriu os olhinhos e a pediatra me comoveu dizendo que ela parecia estar me pedindo socorro. O bebê teve alta por volta das 9h da segunda-feira, junto com a mãe. Eu coloquei a farda, fui à maternidade, deixei a mãe em casa e me dirigi com a criança ao Fórum da Infância e da Juventude”, contou.

Para a angústia da militar, uma assistente social informou-lhe que ela teria de perder a criança para o primeiro casal da fila de adoção ou poderia assumir o risco de passar um mês com a recém-nascida e sofrer consequências futuras. “Eu preferi correr o risco, apesar de a menina ter sido fruto de uma mulher que usava droga, álcool e era prostituta”, revelou a sargento, que precisou entrar na fila de adoção e constituir advogado, uma vez que a Justiça exigia da adotante residência fixa, emprego fixo e um esposo.

“Por eu ser separada e não ter marido, a juíza achou um problema. Então eu perguntei a um amigo casado, que já era pai de quatro filhos, se ele poderia ser o pai de minha filha. Ele não pensou duas vezes: dirigiu-se ao fórum e hoje ele é o pai da minha filha, do mesmo jeito que eu sou a mãe. Foram muitos os entraves até que a adoção fosse legalizada”, lembrou Simone Linhares, emocionada.

Apesar das dificuldades na fase de adoção, a sargento evidenciou o apoio do major Vítor, então capitão e comandante do Batalhão de Radiopatrulha, e de membros da Assembleia Legislativa. “Sensibilizado ao me ver perdendo noites e levando minha filha diariamente ao banco de leite, major Vítor me liberou de alguns serviços para que eu pudesse ficar em casa tomando conta da criança. O auxílio maternidade só foi conquistado após apelo à Assembleia Legislativa, quando os deputados Angélica Guimarães, Conceição Vieira e Adelson Barreto criaram uma emenda concedendo os seis meses de licença maternidade”, acrescentou.

Ainda na primeira infância, as drogas e o álcool foram um obstáculo superado por Samara nessa corrida pela vida. Devido à mãe ser usuária de tais substâncias, a menina nasceu com resíduos no corpo, apresentando desmaios, tremedeiras e sustos frequentes. “Eu não entendia, a princípio, os motivos dessas reações, até que a pediatra me orientou a procurar um centro de tratamento para crianças que são geradas por mães usuárias de drogas, no bairro Siqueira Campos, em Aracaju. Eu fui por 15 dias, mas como não gostei, optei por cuidar dela com o pediatra, desintoxicando a corrente sanguínea dela até os três anos de idade”, explicou.

Atualmente Samara tem uma vida normal, estuda na 1ª série em uma escola da rede particular da capital e é uma aluna exemplar. Divide o lar com sua mãe e o irmão Hilton Linhares Neto, de 17 anos, estudante do 3º ano na mesma escola.

“A Samara é um exemplo de vida. Desde pequena ela me surpreende. Ela foi para a escola com um ano de idade, era menorzinha em relação aos coleguinhas de turma e eu achei que ela não fosse se adaptar. Ela se saiu muito bem na semana de adaptação. Hoje está na 1ª série e tem uma vontade enorme de vencer, de crescer. É muito inteligente apesar da idade dela e só tem me trazido felicidade”, concluiu.

*Com informações da Polícia Militar.

Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/se/sergipe

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