Publicado originalmente no site G1 SE., em 09/05/2016.
Sargento da PM adota criança que nasceu dentro de viatura.
Criança foi adotada recém nascida em 2009.
'Samara é um exemplo de vida', diz sargento que adotou
criança.
Do G1 SE.
A sargento Polícia Militar de Sergipe, Simone Linhares, comemorou o Dia das Mães com
a pequena Samara de apenas 6 anos que ela adotou. A menina nasceu dentro de uma
viatura da Polícia Militar em dezembro 2009.
“Eu estava patrulhando, próximo à avenida Euclides
Figueiredo [zona norte de Aracaju], quando avistei uma mulher em via pública,
em trabalho de parto. Daí eu me aproximei e perguntei se ela estaria precisando
de algum apoio. Ela disse que precisava chegar até a maternidade. Eu a conduzi,
no veículo da Radiopatrulha, até a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, mas
aí, chegando na entrada da unidade, ela acabou dando à luz a criança dentro da
viatura”, relatou a sargento que trabalha há 23 anos na Corporação.
A história de amor entre elas estava apenas começando.
“Quando eu a entreguei na maternidade, a mãe biológica pediu para o guarda me
chamar e dizer que ela não teria interesse e que a menina era minha. A
princípio eu fiquei assustada e sem saber o que fazer, porque eu sou separada,
já tenho um filho e não pretendia ter mais um. Mas aí, quando eu vi a menina,
ela abriu os olhinhos e a pediatra me comoveu dizendo que ela parecia estar me
pedindo socorro. O bebê teve alta por volta das 9h da segunda-feira, junto com
a mãe. Eu coloquei a farda, fui à maternidade, deixei a mãe em casa e me dirigi
com a criança ao Fórum da Infância e da Juventude”, contou.
Para a angústia da militar, uma assistente social
informou-lhe que ela teria de perder a criança para o primeiro casal da fila de
adoção ou poderia assumir o risco de passar um mês com a recém-nascida e sofrer
consequências futuras. “Eu preferi correr o risco, apesar de a menina ter sido
fruto de uma mulher que usava droga, álcool e era prostituta”, revelou a
sargento, que precisou entrar na fila de adoção e constituir advogado, uma vez
que a Justiça exigia da adotante residência fixa, emprego fixo e um esposo.
“Por eu ser separada e não ter marido, a juíza achou um
problema. Então eu perguntei a um amigo casado, que já era pai de quatro
filhos, se ele poderia ser o pai de minha filha. Ele não pensou duas vezes:
dirigiu-se ao fórum e hoje ele é o pai da minha filha, do mesmo jeito que eu
sou a mãe. Foram muitos os entraves até que a adoção fosse legalizada”, lembrou
Simone Linhares, emocionada.
Apesar das dificuldades na fase de adoção, a sargento
evidenciou o apoio do major Vítor, então capitão e comandante do Batalhão de
Radiopatrulha, e de membros da Assembleia Legislativa. “Sensibilizado ao me ver
perdendo noites e levando minha filha diariamente ao banco de leite, major
Vítor me liberou de alguns serviços para que eu pudesse ficar em casa tomando
conta da criança. O auxílio maternidade só foi conquistado após apelo à
Assembleia Legislativa, quando os deputados Angélica Guimarães, Conceição
Vieira e Adelson Barreto criaram uma emenda concedendo os seis meses de licença
maternidade”, acrescentou.
Ainda na primeira infância, as drogas e o álcool foram um
obstáculo superado por Samara nessa corrida pela vida. Devido à mãe ser usuária
de tais substâncias, a menina nasceu com resíduos no corpo, apresentando
desmaios, tremedeiras e sustos frequentes. “Eu não entendia, a princípio, os
motivos dessas reações, até que a pediatra me orientou a procurar um centro de
tratamento para crianças que são geradas por mães usuárias de drogas, no bairro
Siqueira Campos, em Aracaju. Eu fui por 15 dias, mas como não gostei, optei por
cuidar dela com o pediatra, desintoxicando a corrente sanguínea dela até os
três anos de idade”, explicou.
Atualmente Samara tem uma vida normal, estuda na 1ª série em
uma escola da rede particular da capital e é uma aluna exemplar. Divide o lar
com sua mãe e o irmão Hilton Linhares Neto, de 17 anos, estudante do 3º ano na
mesma escola.
“A Samara é um exemplo de vida. Desde pequena ela me
surpreende. Ela foi para a escola com um ano de idade, era menorzinha em
relação aos coleguinhas de turma e eu achei que ela não fosse se adaptar. Ela
se saiu muito bem na semana de adaptação. Hoje está na 1ª série e tem uma
vontade enorme de vencer, de crescer. É muito inteligente apesar da idade dela
e só tem me trazido felicidade”, concluiu.
*Com informações da Polícia Militar.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/se/sergipe
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