Cena do filme 'Love', do diretor Gaspar Noé (Foto: Divulgação).
Publicado originalmente no site Do G1, em São Paulo, em 10/09/2015.
Com sexo explícito em 3D, 'Love' é rejeitado por exibidores
no Brasil.
Cinemark recuou em lançar o filme; em SP, estreia é em seis
salas.
'Sistema aqui é pra lá de conservador', diz fundador da
Imovision.
Letícia Mendes
Do G1, em São Paulo
Após enfrentar a proibição do Blu-ray de "Azul é a cor
mais quente", a distribuidora Imovision vê uma de suas apostas do ano ser
rejeitada pelos exibidores. Com cenas de sexo explícito em 3D, incluindo uma
ejaculação na direção do público, "Love", do diretor argentino Gaspar
Noé ("Irreversível"), estreia nesta quinta-feira (10) em menos salas
do que o esperado.
"No Brasil, já é complicado para filmes independentes
estrearem em circuito multiplex. Esse filme junta cultura e entretenimento,
considerando sexo como entretenimento. O fato é que, numa primeira etapa, todos
os exibidores grandes adoraram a ideia de exibi-lo e, depois, a maioria
recuou", afirma Jean-Thomas Bernardini, fundador da Imovision, em
entrevista ao G1.
Ele se refere principalmente às redes Cinemark, que não
exibirá o filme, e Cinépolis, que garantiu um número de salas, mas cancelou
sessões. Segundo a assessoria de imprensa da Imovision, o Brasil é um dos
primeiros países a exibir o longa, que deve entrar em cartaz em 48 salas nesta
quinta, sem horários confirmados.
Dia do Sexo.
"Queríamos fazer a pré-estreia, no dia 6, o Dia do
Sexo, em 300 salas e acabou sendo em 45 por causa da classificação do filme
para 18 anos", diz Bernardini. "Tudo o que é um pouco diferente aqui
a gente sofre. O sistema de exibidores no Brasil é pra lá de conservador. Se
fosse possível classificar como 30 anos, teriam colocado. Se não quer exibir,
não quer, paciência". Na França, a produtora Wild Bunch brigou com o
ministério da Cultura para que a classificação de "Love" fosse 16
anos.
Eduardo Chang, gerente de programação da Cinépolis do
Brasil, diz ao G1 que fechou com a Imovision apenas uma sessão de
"Love" em SP e após 22h. "É um conteúdo com sexo explícito e não
faz sentido o filme ter sessões regulares", explica Chang.
A Cinemark afirmou ao G1, em comunicado, que "a
distribuição dos títulos é negociada antecipadamente com as empresas distribuidoras.
A distribuição é feita a partir da disponibilidade de cópias e da análise do
resultado de bilheteria, levando em conta critérios como o interesse do público
das diferentes regiões e o gênero de cada filme. O fato de o conteúdo ter cenas
de sexo não é uma restrição para a rede".
"Se os exibidores deixassem de colocar o mesmo filme em
seis salas diferentes e deixassem que o público tivesse a oportunidade de ver
outro tipo de filme, a Imovision teria muito mais faturamento. 'Ah, mas esse
aqui é de arte, esse filme é de gay, esse aqui é de sexo'. Eles sempre têm uma
desculpa para só passar as mesmas coisas", reclama Bernardini.
Filme de amor com muito sexo
No filme "Love", um pai de família (Karl Glusman)
relembra o tórrido romance que teve com Electra (Aomi Muyock), ao saber pela
mãe da garota que ela desapareceu. Sexo a três e todos os tipos de
perversidades fazem parte das memórias dele.
"Não é um filme pornô. É um filme de amor com muito
sexo. É um filme de qualidade e pode entrar em qualquer horário. Não quero que
tenha censura. Cada exibidor deveria colocar uma parcela de filmes de qualidade
para o público, não só os que dão milhões de dólares, e isso ajudará também na
formação de cinéfilos", conclui o distribuidor.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/pop-arte/cinema
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