quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Tempestade Midiática

"Quem não se comunica se trumbica", já dizia o “Velho Guerreiro” Chacrinha (1917–1988), um dos apresentadores de programas de televisão mais festejados da década de 70. Vivemos uma tempestade midiática, um “tsunami” de novidades tecnológicas. Entretenimento e informação não se concentram mais em uma só mídia, é tempo de migração, tudo acontece ao mesmo tempo em muitas plataformas, é a cultura da convergência, você vê na TV, lê as opiniões nos jornais e revistas impressos e vai debater nos fóruns da internet para depois se aprofundar no livro e aguardar o filme. Hoje a comunicação também é você com seus agregados, celulares, pen drives e notebook, o que antes era a caneta e o relógio de pulso. Nunca em tempo algum carregamos tanta coisa junto ao nosso corpo. Vivemos ligados 24 horas por dia com tudo e com todos, sabemos o que acontece no mundo em tempo real. Encurtamos distâncias e o mundo vai ficando cada vez menor. O conhecimento ficou a um clique, democratizou-se. O celular veio unificar todos os meios, hoje é o eletrônico que reúne tudo num só aparelho. Vivemos em uma era de grandes avanços tecnológicos que não param. O homem vivia sem nada disso, pois o mesmo sempre se comunicou, desde o tempo em que morava nas cavernas. Ao emitir sons e gesticular, estava transmitindo suas mensagens. Mas a vida moderna criou uma série de necessidades e hoje o homem não sabe mais viver sem computador, internet e celular, fazendo com que os dias passem mais rápidos, pois não tem tempo para mais nada. Tudo isso o faz escravo da tecnologia, sempre conectado, sem querer perder nenhuma informação. Chega a fazer as refeições com o celular a tocar, enquanto ver o noticiário da televisão, e entre uma garfada e outra assiste um homem sendo esfaqueado, familiares a chorar e lamentar ao redor do corpo, momentos de emoção, que certamente lhe farão mal, por mais frio que seja o espectador. Sou totalmente contra assistir televisão na hora das refeições. Vivemos ligados a tudo que acontece no mundo, mas muitas vezes desconhecemos o que se passa em nossa rua ou com nosso vizinho. Pensemos um pouco nisso tudo e nos disciplinemos mais, reservando tempo para viver

Armando Maynard

Leia também no meu blog PÉRIPLO Informativo
Inteligência, Cultura e Sabedoria

4 comentários:

  1. Olá Armando.
    Concordo com você mas confesso que viver , para mim, está nas coisas mais simples.
    Uma conversa, um olhar pelas ruas, um sorvete, escolher temperos prá o gosto de cozinhar, cochilar , pensar em nada, saber que estão inteiras as pessoas queridas, dormir bem, escolher a bijouteria a combinar com a roupa, varrer a casa ouvindo as músicas preferidas, as coisas assim.
    Mas vi uma cena indo pro trabalho. Pessoas de um mesmo grupo juntas e cada uma olhando seu próprio celular, num frenesi doente.
    Aquilo me deu uma impressão tão ruim, que estive a pensar em que classe deveria considerar as pessoas que agem assim, tão freneticamente escravizadas por botõezinhos.
    Tenho o cuidado de juntar sucata e nas férias escolares, levo caixas cheias de coisas prá meus netos fazerem brinquedos - e fazem. Moramos numa cidade de clima bastante desagradável e se depender disso, receio que passem as férias em frente a tv ou jogos eletrônicos mas não - e enquanto eu puder, vou usar desses artifícios com eles -
    E o que fazem com a sucata é muito interessante, porque junto, também levo cola, tinta guache, durex, barbante, uma parafernália.
    Esses meus netos não têm a infância bacana que meus filhos tiveram, com espaço, cachoeira, colegas do bairro, nada disso.
    Então cuido , pouco mas cuido.
    Identifiquei-me completamente com o que você postou.
    Obrigada.

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  2. Salve,Armando.

    Concordo com a maioria das coisas que você colocou no texto e com os comentários da Barbara. Acho inclusive que o mundo era bem mais interessante antes dessa parafernália eletrônica...

    Entretanto, acho que nunca estivemos mais mal informados quanto hoje... a mídia está muito mais ligada aos próprios interesses do que a isso de tornar as pessoas mais conscientes de seus problemas. E aí, caímos no que a Barbara coloca com o exemplo do grupo que carrega os celulares: o que a mídia faz é dar ao expectador o que ele quer, porque vivemos a geração dos "viciados em espelhos" (esse é um bom nome para o grupo, Barbara). Aliás, pelo que me lembro, você mesmo, Armando, colocou algo parecido num de meus últimos textos.

    Mas há sempre as exceções, como esse seu novo blog, que eu não conhecia. Tá de parabéns. Sempre que sobrar um tempo, vou conferir os textos.

    Abração

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  3. Olá Armando,

    É verdade! Estamos escravizados pela tecnologia, me identifico completamente com seu texto.
    Impossível administrar tantas redes sociais, tantas tecnologias como celular, pen drives, etc...você fez uma observação importante! Vivíamos sem isso...pq agora não conseguimos ficar sem?
    Parabéns pelo olhar crítico!
    Abraços, Fernanda pautajornalistica.blogspot.com

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  4. Olá Armando! Muito me preocupa esta dependência tecnológica. Meu pc pifou, ficamos sem net por uns dias e já estávamos ficando nervosos. Eu me incluo. Foi assustador ver como ficou vazia a vida. Mas com os dias que demoraram, descobrimos tantas coisas perdidas de nós. Finalmente foi bom, pois pudemos redistribuir nosso tempo. As vezes me pergunto, como minha mãe pode sobreviver sem eu ter um celular para ela me achar, como eu poderia voltar pra casa sozinha da escola, como eu ligava para meus pais a cobrar, discando 107 e chamando a telefonista... Coisas que meus filhos nem sonham...Você tem razão, nós nos tornamos escravos! Eu reconheço minha culpa também!
    Um beijo!

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