sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Saudades da "Gazeta de Sergipe"

O Jornal de seu Orlando, o homem do terno de linho branco. A Gazeta de Sergipe foi criada pelo idealista Orlando Dantas em 1956, com o nome primeiro de Gazeta Socialista. Funcionava na popularmente conhecida Rua da Frente, ou seja, Av. Rio Branco, providencialmente, em frente ao Bar do Pinto, onde reunia-se a turma do jornal, que, entre uma cerveja e outra, pautavam as reportagens. A nata do jornalismo sergipano trabalhava na Gazeta, como Luiz Carlos Barreto – clicherista e fotógrafo, João Oliva Alves, Luiz Antonio Barreto, Pascoal Maynard, José Rosa, Ancelmo Góes, José Carlos Monteiro, Ivan Valença, Nino Porto, Diógenes Brayner, Ezequiel Monteiro, Alberto Carvalho, Fernando Maynard como revisor, Gilvan Manoel, Rita Oliveira, Cláudio Nunes, Paulo Brandão - neto de Orlando - e seu último diretor, Eronildes Nogueira, seu contador e gerente e Sebastião Chagas - o Lelê. Contava com colaboradores como Paulo Fernando Teles de Morais, Petrônio Gomes e Acrísio Torres. Nos tempos áureos da Gazeta, foram empreendidas várias campanhas, como O Petróleo é Nosso, pelo Porto de Sergipe e na da defesa de nossos minérios. Na época da revolução, por causa do seu conteúdo, editores e jornalistas eram chamados ao Exército para prestar explicações sobre as matérias. A segunda página do jornal era da dupla Zózimo Lima, com sua coluna Variações em Fá Sustenido e a Coluna de Ariosvaldo Figueiredo, dois intelectuais de peso, que engrandeciam o jornal. No meio da página, os Grandes Editoriais davam verdadeiras aulas de ética e política. Na quarta página o Informe GS, coluna de Nino Porto, trazia notas políticas com pitadas de bom humor. A Coluna Social com Lânia Duarte, Clara Angélica, Luiz Adelmo e, depois, Pedrito Barreto, contava os fatos da sociedade, enquanto a coluna de cinema de Ivan Valença relatava os festivais, como o de Cannes, ao qual compareceu. Diógenes Brayner com sua excelente coluna de análise política. E na últma página grande cobertura esportiva. Aos domingos havia o suplemento Gazetinha. O noticiário local era muito completo. Suas Grandes Reportagens na área policial acompanhava os crimes até a sua elucidação. Dois exemplos foram os crimes de Carlos Werneck, assassinado pelo sapateiro La Conga e do médico Carlos Firpo, casado com Dona Milena Mandarino. Na época das campanhas eleitorais, havia ferrenha disputa entre a Rádio Liberdade e a Gazeta de Sergipe. Quando deixou de circular, a Gazeta fez muita falta, ficando um vazio enorme, pois não tinha, na cidade, um jornal com a coragem e independência que eram a sua marca registrada. A Gazeta de Sergipe sempre fora um jornal combativo e ideologicamente comprometido com os problemas sociais, que afetam, até hoje, os pobres Sergipanos.
Leiam também nos comentários, importante depoimento da jornalista Clara Angélica Porto, lembrando dos tempos românticos e saudosos da nossa querida "Gazeta de Sergipe".

Armando Maynard

6 comentários:

  1. Saiu muita gente boa de lá, né, Armando? O Barreto é o que foi pro cinema, certo? O Ancelmo é o colunista político, não? E outros nomes citados não me são estranhos...
    Grande abraço!

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  2. Mensagem da Thaís

    Amigos de fé e luta! Já está na hora de pensar em um meio de darmos continuidade a tudo isso. Estamos inspirando e sendo inspirados por essa bela campanha.

    Criei o http://bravagentebrasileira.ning.com/ . Na opinião de vocês isso funcionará para que continuemos unidos? Esse ning é uma espécie de rede, onde é feito cadastro e só participam os cadastrados. Ainda não editei e nem defini o layout, mas já peço a opinião de vocês. O que vocês acham? Conhecem?

    Ah...lembram-se da idéia dos adesivos? Ainda está de pé? Vamos adesivar nosso país? Opinem também!

    Assistiram o programa partidário do PV com a doce Marina? Babei! Ela vem com tudo...

    Agora somos 72 corações brasileiros, acordando mais tantos adormecidos!

    Está na hora de começarmos a agir mais concretamente, continuamos a protestar nos nossos blogs, e mails etc., mas vamos partindo para ações mais concretas.

    No entanto a participação do maior número de pessoas possíveis é necessária.

    Mais uma vez parabéns a Thaís belo brilhante trabalho que vem realizando em prol do Brasil

    Envie suas sugestões como comentários para:

    http://brasillivreedemocrata.blogspot.com ou para http://omundobythais.blogspot.com/

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  3. Olá Armando!
    Estou super em falta com o mundo virtual e os blogs e eu só percebo mesmo o tanto que me afasto qdo leio coisas como este seu texto... me sentí 'o alienado'... mas ao mesmo tempo, adorei e 'assistí' as tuas palavras!
    Fabuloso o texto!!! Quanta coisa, fatos, acontecimentos e história pra serem lembradas ein!
    Muito bom te ler, meu amigo precioso!
    Um grande abraço e que Deus proteja e ilumine sempre os teus passos e pensamentos!

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  4. Olá Armando! Voce foi muito feliz em detalhar olho por olho, dente por dente, as grandes feras do jornalismo sergipano. Saudade também do Fernando Sávio e por tabela, o Bar do Pinto e os barulhos das lanchas da Barrados Coqueiros. Mas a maior falta que faz é a antiga Ponte do Lima e dos persogens populares da cidade: Tô-Te-Ajeitando, Dr.Leandro "reza-Reza", Lucinha - a viúva de Juca do Cinema, Lídio Bessa, Pipiri, Hagapito, Honorato - do Magazin Noratex, Tonho do Mira, Candelária, Fidelão, Tatuzinho, Saia-Justa, Lord Múcio, Dorinha, Vicentinho e Maria Feliciana entre tantos e tantos outros personagens fólcloricos de nossa cidade. Hoje não se vê mais criaturas dessa natureza perambulando pela cidade e fazendo o povo rir com suas presepadas. Voce foi muito feliz me fazendo voltar no tempo agora. Um forte abraço do amigo e compositor Alcides Mello.

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  5. Em conversa pelo Facebook com a jornalista Clara Angélica, hoje morando em New York – USA, a mesma teceu alguns comentários saudosos sobre a querida “Gazeta de Sergipe”.

    Interessante, Armando, resgatar é tão importante. Iniciei meu jornalismo na Gazeta, convidada por Ivan Valença e seu Orlando. Comecei com uma coluna, aos 16 anos, Vida Social, que alguns chamavam de Vida Socialista e que me valeu uma leve prisão pela ditadura em janeiro de 69, logo após o AI-5 em dezembro de 68. Na mesma época de Ancelmo, que é da minha geração. Ele era foca, imagine, tão tímido, com aquele olho inteligente, e eu era musa dele e... do jornal inteiro. Era proibida por meu pai de entrar na redação, pois só tinha homem, então entregava a coluna todos os dias no balcão a seu Orlando ou Ivan (e ninguém mais, ordens de seu Orlando, que era íntimo de papai). Sempre tinha mensagens variadas no quadro para mim, da turma da redação, que corriam para espiar na hora que eu chegava, e, muitas vezes, pequenos poemas de Ezequiel Monteiro, que também era da turma da Gazeta. Eu, menina, adorava! Me fazia toda linda para levar a crônica, que ficou tão ou mais importante do que escrever a crônica. Tinha também Ariosvaldo Figueiredo, com a carta do Rio, crônicas maravilhosas. Ah... os anos 60 foram lindos
    Você esqueceu do Rex, na rua de Itabaianinha. Foi lá que, menina, vi La Strada, e me apaixonei pelo resto da vida por Federico Fellini e Giuletta Massina. No Vitória, vi West Side Story. No Pálace, Ben Hur e A Bela Adormecida. Mim-órias...

    Armando Maynard
    Que bom Clara, com a ajuda do Facebook poder usufruir deste momento. É a mágica da tecnologia. Cheguei a ver, bem criança, levado pelo meu saudoso pai, filmes de faroeste no Cinema Rex, era um calorão danado, quiz até publicar algo, mas me faltava histórias, fotos e mais informações. Isso fica para o mestre Ivan. Clara, gostaria de saber se você me autoriza a publicar no "Mídia Depressa" sua mensagem sobre a "Gazeta de Sergipe". Se não quiser, não tem problema, pois imprimirei e guardarei o e-mail. Um abraço e muito obrigado.

    Clara Angelica Porto
    Pode publicar, sim, será que é apropriado? Enfim, fique à vontade. Pedrito era do Jornal da Cidade, não da Gazeta. Mas Taís começou na Gazeta, sob a batuta de Ivan Valença. E Ilma Fontes teve uma coluna também durante um tempo. Qdo voltei ao Brasil em 82, fiquei à frente da Gazetinha, até fundar, com Luiz Eduardo Costa, O QUE (para quem gosta de saber porque), um semanário de análise política, lembra? Passamos 10 anos escrevendo o jornal mais lido por polítcos, era disputado na Assembléia toda segunda feira, os deputados não começavam a sessão sem antes ler O Que
    E a era do rádio, hein? Tinha O Gato de Botas, programa infantil de Aglaé, e teve a novela O Diário de Ann Frank, que marcou época, lembra? Barrinhos (ah, saudoso Barrinhos...) era o maior fã.

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  6. Prezado Armando, acessei seu blog e queria prestar uma informação- nos anos 80 iniciamos uma coluna semanal cujo título era A Medicina e a Comunidade, na qual publicava artigos de interesse para a coletividade na área de saúde e fizemos até idos de 90. Tivemos a participação de colegas de outras especialidades além da que eu exerço , a de Dermatologia, de modo a abrir um leque de informações variadas. A gazeta de Sergipe na Rua da Frente foi um marco. Atualmente estamos participando cnom informações na área médica através da internet onde os assuntos médicos sejam em reuniões, assembleias, denúncias, etc são transformadas em videos e postados no wwww.youtube.com/sindimed. É a democratização da matéria médica no que diz respeito a administração, atuação e as dificuldades no exercicio da MEDICINA.
    Parabéns, e obrigado pelo espaoço. Dr. Gildo Simões.

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