Cidadania.
Gerente da Caixa se senta no chão para atender homem com
deficiência e foto viraliza.
Por Vicente Carvalho
Gerente da Caixa foi fotografado atendendo um senhor com
deficiência de igual para igual: sentado no chão e olhando em seu olho.
É interessante como pequenos gestos de gentileza e
humanidade ganham tamanha repercussão, a explicação mais “óbvia” é que esses
gestos não são vistos frequentemente, e o que devia ser regra vira exceção, mas
acho que é um pouco mais complexo que isso.
Certa vez publicamos sobre a Lawane Rodrigues, que ajudou um
cadeirante a tomar sorvete no McDonald’s e a foto repercutiu imensamente –
relembre aqui, ou ainda a de uma aeromoça chinesa que ajudou um senhor a se
alimentar durante o voo – relembre aqui.
Dessa vez uma história similar aconteceu em Volta Redonda,
microrregião do Vale do Paraíba Fluminense, no Rio de Janeiro, onde a Isabel
Paiva, de 54 anos, presenciou uma cena emocionante.
Um senhor na faixa dos 50 anos, com pernas amputadas, entrou
na agência da Caixa Econômica Federal da Avenida Amaral Peixoto e muito gente
ignorou a presença dele, e então o Luis Claudio, abordou o senhor para ajudá-lo
e para que ele não ficasse na fila. Mais um detalhe fez toda a diferença: mesmo
de roupas formais, como camisa e calça social, ele se sentou no chão para
conversar mais tranquilamente com o senhor, sem se importar se ia sujar sua
roupa de trabalho.
“Nem sabia que ele era gerente quando fotografei”, disse
Isabel em conversa ao Razões para Acreditar, ela só soube quem era
posteriormente, quando foi atendida na agência pelo próprio Luis Claudio. “Achei
lindo o gesto, me emocionei, ele [o gerente] foi muito gente boa, todo arrumado
sentou no chão, fazendo seu trabalho com muita alegria”.
Ela contou também Razões que viu o Luis pegando seus
documentos e conversando com o cliente, e que parecia uma conversa agradável,
pois os dois sorriam. A publicação já recebeu quase 20 mil reações no Facebook
e centenas de comentários parabenizando pelo gesto:
Perguntamos se ela imaginava o motivo da publicação estar ganhando tanta
repercussão, Isabel disse: “Penso que pelo fato de não encontrarmos mais
pessoas tão solidárias e humanas no sentido real da palavra. As pessoas
costumam agir assim, infelizmente, somente com pessoas que possam lhe trazer
algum retorno.” Eu argumentei com ela dizendo que talvez não vejamos com tanta
frequência esses gestos porque não se publicam tanto, mas que o exemplo é uma
poderosa ferramenta mobilizadora. Por isso foi importante o que ela fez de
publicar, ela concordou.
Isabel disse ainda que procurou o Luis para parabenizá-lo e
pedir autorização para publicar, e quando lhe elogiou ele disse: “Somos todos
iguais, não sou melhor que ninguém… posso ser talvez pior!” E sorriu.
Fica aqui nossa felicidade em compartilhar momentos simples,
mas poderosos como esse. E fica aqui o convite: sempre que você ver momentos
como esse, não hesite em nos mandar, pode ser pelo inbox da nossa fanpage aqui.
ATUALIZAÇÃO 1.
Recebemos essa correção da Andréa Goldberg:
“Não se usa há muitos anos o termo “homem deficiente” e sim
homem com deficiência. Isso porque ele não é sua deficiência. Ela é apenas uma
característica que compõem a pessoa que ele é. Assim dizemos pessoa com
deficiência física, visual, mental, intelectual e por aí vai. No caso de
abreviar deve ser PcD, com a letra c minúscula. Importante dizer que a questão
da nomenclatura foi mudando com o tempo e também com a quebra de paradigmas. E
mais, as próprias pessoas com deficiência quem pediram para serem chamadas
dessa forma e não mais deficientes, portadoras de deficiência, pessoas com
necessidades especiais. Nas leis, muitas vezes, ainda encontraremos essas
terminologias, pois alterá-las nos papéis seria um trabalho gigantesco. Por isso
que ainda encontramos nomenclaturas que não são mais utilizadas. Porém o
correto hoje é pessoa com deficiência e por isso, na legenda da publicação
deveria ser homem com deficiência física. Talvez lhe pareça uma besteira, mas
quando falamos em inclusão, o uso das terminologias corretas faz toda diferença
e representa também mudança de hábitos e paradigma.”
Pra gente não é besteira Andréa! Já editamos e pedimos
desculpa pelo erro.
ATUALIZAÇÃO 2.
O Luis Cláudio, Gerente da Caixa, concedeu entrevista ao Extra,
e disse:
“A gente faz isso todo dia. Me porto como o cliente precisa.
Seu José é um ser humano incrível. Já o atendi outras vezes. Ele veio cadastrar
uma senha e uma outra cliente depois me contou que tinha feito a foto. Nem
sabia que ia postar e dar essa repercussão toda. Acho que a gente não é melhor
que ninguém. Eu precisava sentar para atendê-lo bem. Faz parte da minha
obrigação. É também uma necessidade. Eu não me sentiria bem atendendo ele de pé
e ele seria mal atendido. Me espantei muito com tudo isso porque era um
atendimento corriqueiro, normal. Mas fico feliz com o reconhecimento”.
Ainda segundo Luis, a presidência da Caixa Econômica Federal
entrou em contato com ele para parabenizá-lo pelo ato.
Crédito de capa: Isabel Paiva – Reprodução autorizada.
Texto e imagem reproduzidos do site: razoesparaacreditar.com
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