Imagem feita por sonda indiana mostra o planeta Marte
Foto:
Divulgação/Twitter/@MarsOrbiter.
Linhas que aparecem e somem em montanhas
de Marte são formadas por água
salgada escorrendo, indica novo estudo da Nasa
Foto: Nasa/JPL/Universidade do Arizona.
Monte no centro da cratera Horowitz
com linhas recorrentes em Marte
Foto: Nasa/JPL/Universidade do Arizona.
Linhas recorrentes formadas por água
salgada na cratera
Garni, em Marte
Foto: Nasa/JPL/Universidade do Arizona.
Marte tem 'córregos' sazonais de água salgada, revela sonda
da Nasa
Veios de salmoura se formam em encostas de montanhas em
meses quentes.
Descoberta reacende discussão sobre se planeta é habitável
por micróbios.
Do G1, em São Paulo.
Algumas montanhas de Marte possuem veios estreitos de água
salgada líquida escorrendo em suas encostas, revela um estudo divulgado hoje
pela Nasa.
Essas formações, que já haviam sido reveladas antes em
imagens do planeta, já eram apontadas como possivelmente originadas de salmouras,
mas só agora surgiram evidências diretas do fenômeno.
Linhas que aparecem e somem em montanhas marcianas são
formadas por água salgada escorrendo, indica novo estudo.
Essas "linhas de encosta recorrentes", tal qual
foram batizadas pelos cientistas, são faixas estreitas, com menos de 5 metros
de largura, que aparecem durante períodos quentes em diversas regiões de Marte.
As linhas se alongam durante algum tempo e depois encolhem.
"Elas são faixas escuras que seformam no fim da
primavera, crescem no verão e desaparecem no outono", afirmou Michael
Meyer, chefe do programa de exploração de Marte da Nasa, em entrevista coletiva
para apresentar a descoberta.
Cientistas não conseguiam confirmar a natureza do fenômeno,
porque a resolução das imagens das melhores sondas no planeta não permitia
fazer imagens nítidas de estruturas tão estreitas.
A hipótese de que as linhas observadas eram salmoura líquida
saiu das temperaturas registradas no local no verão marciano, acima de -23°C.
Água com alta concetração de sal, com ponto de derretimento mais baixo, pode
existir na forma líquida nessa faixa de temperatura.
Um grupo de pesquisadores operando a sonda MRO (Mars
Reconnaissance Orbiter), porém, desenvolveu um método para contornar o problema
das imagens sem resolução. Lujendra Ojha, cientista nepalês do Instituto de
Tecnologia da Georgia, e seus colegas conseguiram extrair de imagens com um
único pixel os dados espectrais -- separação da luz em diferentes frequências
-- capazes de revelar a composição de substâncias.
As informações obtidas pelos pesquisadores estão de acordo
com o espectro de sais minerais hidratados, reforçando a hipótese de que os
veios recorrentes são formadas com cristais de sal absorvendo umidade marciana.
Estão presentes na solução sais de cloro e oxigênio, como cloratos e
percloratos, mas não se sabe ainda se essas substância captam água da atmosfera
ou do solo.
Vida marciana?
A importância da descoberta está sendo realçada pelo que os
cientistas escreveram. "Determinar se água líquida existe na superfície
marciana é central para a compreensão do ciclo hidrológico e para o potencial
da existência de vida em Marte", esceveu Ojha em estudo publicado hoje na
revista "Nature Geoscience".
Ainda que a existência do líquido em Marte seja uma
novidade, diz o pesquisador, não é possível dizer ainda que as condições nos
córregos de salmoura temporários permitiria a existência de vida. Na Terra, o
centro do deserto do Atacama, extremamente árido, é o único lugar parecido com
essas condições onde já se viu vida microbiana.
"Se as linhas de encosta recorrentes se formam como
resultado da delinquescência [absorção de umidade] de sais percloratos, elas
podem fornecer condições úmidas transitórias na superfície de Marte, apesar de
a atividade da água nas soluções de perclorato ser baixa demais para sustentar
a vida de tipo terrestre."
A direção da Nasa, porém, foi mais incisiva em destacar a
importância da descoberta para a busca de vida fora da Terra. "Isso sugere
que é possível que vida exista em Marte hoje", afirmou John Grunsfeld,
diretor de missões científicas, em entrevista coletiva.
A perspectiva de uma eventual viagem tripulada a Marte no
futuro também precisa ser recalculada. As linhas d'água sazonais se tornam
agora candidatas a visitação tanto pelo interesse em se estudá-las quanto como
possível fonte de água para abastecer astronautas.
Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/ciencia-e-saude
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