O eletricista Mario Ferreira Lima mostra geladeira vazia
na casa em que mora com o filho de 12 anos
Foto: TV Globo/Reprodução
Publicado originalmente no site do G1 DF, em 14/05/2015.
'Pior coisa é não poder alimentar filho', diz ladrão que
comoveu policiais
Eletricista desempregado foi preso ao tentar furtar 2 kg de
carne para o filho.
Ele teve fiança e compras pagas por policiais que atenderam
a ocorrência.
Raquel Morais
Do G1 DF
Preso por tentar furtar 2 kg de carne de um mercado para ter
o que comer e ser liberado após uma policial pagar a fiança, o eletricista
desempregado Mário Ferreira Lima se disse arrependido do crime e classificou a
própria situação como "desespero". "A pior que coisa existe na
vida da gente é não poder alimentar o próprio filho", disse.
Ele foi preso nesta quarta-feira (13) em um mercado de Santa
Maria e sensibilizou os policiais civis, que decidiram dar um final diferente à
história. Além de pagar a fiança, eles fizeram compras para Lima, que contou em
depoimento ter praticado o crime para alimentar o filho de 12 anos. O homem
cria o menino sozinho desde que a mulher se mudou para a casa de um filho mais velho,
de outro casamento, para se recuperar das sequelas de um acidente.
R$ 70 por mês é o que o eletricista desempregado recebe pelo
programa Bolsa Família.
O desempregado contou que se confundiu com as datas e achou
que já tivesse caído na conta os R$ 70 que recebe mensalmente por meio do
Programa Bolsa Família. Ele foi então ao mercado comprar banana, pão e carne.
Na hora de passar as compras no caixa, o homem descobriu que
o valor que tinha levado – R$ 7 – era insuficiente e tentou esconder a carne na
bolsa. Os 2 kg do alimento custavam R$ 26. A ação foi flagrada pelas câmeras de
segurança, e o dono do estabelecimento não aceitou as desculpas do ladrão e
acionou a polícia.
O agente da Polícia Civil Ricardo Machado conta que o
desempregado desmaiou pouco depois de chegar à delegacia, quando ouviu que
ficaria preso. Questionado se estava bem, o homem respondeu que estava sem
comer havia dois dias, porque deixou o filho consumir sozinho o pão que restava
em casa, e que estava preocupado porque não havia alguém para cuidar do menino.
Machado terminou de ouvir a história do suspeito – que
narrou ter perdido o emprego com carteira assinada por ter precisado acompanhar
a mulher nos oito meses em que ela ficou internada em coma no hospital – e
procurou os colegas. “Dei a ele R$ 30 para pagar a carne e depois fui contar
aos colegas o que estava acontecendo no plantão. Ficou todo mundo comovido, e
logo um tirou R$ 5, outro R$ 10, outro R$ 20 do bolso”, lembra.
A ocorrência foi registrada na delegacia do Gama Oeste, e a
fiança foi estipulada em R$ 270. Sensibilizada, uma agente pagou sozinha o
valor, enquanto os colegas arrecadavam mais dinheiro para comprar mantimentos
para o ladrão.
Quatro policiais acompanharam o eletricista desempregado até
o supermercado, onde compraram arroz, feijão, macarrão, biscoito e itens de
higiene. “Na hora que passávamos pela seção de higiene, um colega perguntou se
ele tinha pasta de dente. Ele disse que tinha mais de mês que não escovava os
dentes com pasta, e pedimos que ele pegasse lá, então. Ele, na humildade dele,
voltou com a menorzinha e mais barata. Brincamos que isso não dava nem para um
dia e pegamos logo cinco, aí pegamos sabonete e todo o resto.”
Os agentes acompanharam o homem até a casa dele. Machado diz
que ele “não conseguia acreditar e não parava de agradecer”. “Ele cuida da casa
e do menino pela manhã e à tarde vai atrás de bicos, mas não conseguiu nada nos
últimos dois meses. A gente sabe que o crime não é certo, mas eu me ponho no lugar.
Imaginei a minha filha passando fome. O que eu não faria nessa situação?”,
questionou.
Futuro
O eletricista disse esperar nunca mais passar por isso e
afirmou que deseja conseguir um emprego e restituir a família.
A agente da Polícia Civil Kelen Lemos, que também colaborou
na vaquinha, conta que nada justifica o crime. “Em nenhum momento a intenção é
de fomentar o crime [mas não tem como não se comover e não tentar ajudar].”
O presidente da Comissão de Ciências Criminais e Segurança
Pública da Ordem dos Advogados do Brasil,
Alexandre Queiroz, disse que a defesa pode buscar enquadrar o caso do
eletricista como "estado de necessidade", se ficar comprovado que ele
não tinha mesmo outras condições de conseguir alimento.
O advogado disse, no entanto, ser importante que as
autoridades fiquem alertas às mazelas sociais e que casos como esse não sejam
estimulados.
"A meu ver os policiais agiram acertadamente, até
porque eles cumpriram com as formalidades. E é importante deixar isso claro,
eles cumpriram com as formalidades. Como cidadãos foi que eles se
sensibilizaram e pagaram a fiança, e o policial, pelo tipo de trabalho que
exerce, tem essa sensibilidade de enxergar as pessoas. Mas não se pode esquecer
que houve um crime", declarou.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/distrito-federal
________________________
Do G1 GO, em 15/05/2015.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/distrito-federal
________________________
Do G1 GO, em 15/05/2015.
Homem preso por furtar carne para alimentar o filho consegue
emprego. Caso comoveu policiais, que pagaram fiança e deram alimentos ao
eletricista. Morador de Luziânia, ele passou a receber ajuda e comemora nova
vida...
Continue lendo, clicando no link abaixo:
http://g1.globo.com/goias/noticia/2015/05/homem-preso-por-furtar-carne-para-alimentar-o-filho-consegue-emprego.html
http://g1.globo.com/goias/noticia/2015/05/homem-preso-por-furtar-carne-para-alimentar-o-filho-consegue-emprego.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário