Publicado originalmente no site Jornal do Dia Online, em
30/01/2015.
Comoção pela morte de estudante no Bugio.
Gabriel
Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
A dificuldade em retirar um telefone celular que ficou
enganchado na bolsa custou a vida da estudante Gabriela da Purificação dos
Santos, 18 anos, morta com um tiro na cabeça que lhe foi disparado pelas
costas. O crime aconteceu por volta das 21h30 de anteontem, em frente à Escola
Estadual Jornalista Paulo Costa, na Avenida Centenário, conjunto Bugio (zona
oeste de Aracaju). Segundo testemunhas, ela tinha terminado de assistir às
aulas do dia e saía da escola quando foi abordada por dois homens que estavam
em uma moto CG vermelha. A Polícia Civil investiga o caso e já levantou a
identificação de um suspeito.
Familiares logo compareceram ao local e ficaram desesperados
ao ver o corpo de Gabriela, que morreu na hora. Segundo o tio da vítima, Jorge
Luiz dos Santos, a aluna foi rendida ainda na calçada pelo garupa da moto, que
desceu do veículo e fez menção de estar armado. "Assim que eles anunciaram
o assalto, o rapaz disse: 'Eu quero o celular'. Quando ela foi meter a mão na
bolsa pra tirar o celular, ele enganchou. Aí, ele disse: 'Vou lhe atirar!'.
Quando ele puxou o revólver, ela se assustou, correu pro outro lado do canteiro
e ele atirou pelas costas", descreveu Jorge.
Ainda de acordo com o tio, os marginais fugiram do local sem
levar a bolsa da vítima e a moto já estava ligada quando o garupa atirou.
Colegas de Gabriela ainda tentaram ajudá-la, mas só conseguiram constatar que
ela estava morta. Centenas de pessoas se apinharam diante da escola, que foi
isolada logo após a chegada da Polícia Militar e de peritos da Força Nacional
de Segurança. Muitos estudantes choravam e outros reclamavam muito da falta de
segurança, relatando que já sofreram outros assaltos praticados por duplas de
motoqueiros na mesma Avenida Centenário.
Segundo parentes, a própria Gabriela
já tinha sido vítima de outra tentativa de assalto no ano passado, mas
conseguiu escapar.
O mesmo clima de revolta continuou pela madrugada e por toda
a manhã de ontem, durante o velório do corpo de Gabriela, que aconteceu na casa
dos avós, no Jardim Centenário. O local ficou igualmente lotado de amigos e
parentes. Profundamente abalados, os pais permaneceram sentados por todo o
tempo e precisaram ser amparados. Já os outros parentes lamentavam, dizendo que
tiveram suas vidas "destruídas" pelos marginais. Todos clamavam por
justiça. "Não foi justo o que eles fizeram. Ela saiu da escola, foi
procurar o sonho dela, pra vir um marginal e tirar a vida dela, por causa de um
celular? Isso é muito injusto", desabafou Amanda Santos, outra tia da
estudante.
O corpo foi levado no final da manhã para a cidade natal da
família, Frei Paulo (Agreste), onde o enterro aconteceu às 16h30. No começo da
noite, moradores do Bugio fizeram uma caminhada de protesto contra a violência,
que saiu do final de linha do bairro até a Escola Paulo Costa, onde foram
colocados arranjos de flores e cartazes com fotos e frases em homenagem a
Gabriela. A direção da escola prestou solidariedade à família e suspendeu todas
as aulas de ontem e de hoje.
Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Everton Santos, o
caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP), que já levantou a identificação de um adolescente apontado como
suspeito. Segundo ele, o crime de ontem "chocou toda a polícia" e a
prisão dos matadores será uma questão de tempo. "Tenho certeza que vamos
chegar neles em pouco tempo. Infelizmente, não posso trazer a vida dela de
volta, mas posso confortar a família e dizer que a polícia vai atrás dos
delinquentes", assegurou.
Texto e foto reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br
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