segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

ARACAJU/SE. - Comoção pela morte de estudante no Bugio.


Publicado originalmente no site Jornal do Dia Online, em 30/01/2015.

Comoção pela morte de estudante no Bugio.

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

A dificuldade em retirar um telefone celular que ficou enganchado na bolsa custou a vida da estudante Gabriela da Purificação dos Santos, 18 anos, morta com um tiro na cabeça que lhe foi disparado pelas costas. O crime aconteceu por volta das 21h30 de anteontem, em frente à Escola Estadual Jornalista Paulo Costa, na Avenida Centenário, conjunto Bugio (zona oeste de Aracaju). Segundo testemunhas, ela tinha terminado de assistir às aulas do dia e saía da escola quando foi abordada por dois homens que estavam em uma moto CG vermelha. A Polícia Civil investiga o caso e já levantou a identificação de um suspeito.

Familiares logo compareceram ao local e ficaram desesperados ao ver o corpo de Gabriela, que morreu na hora. Segundo o tio da vítima, Jorge Luiz dos Santos, a aluna foi rendida ainda na calçada pelo garupa da moto, que desceu do veículo e fez menção de estar armado. "Assim que eles anunciaram o assalto, o rapaz disse: 'Eu quero o celular'. Quando ela foi meter a mão na bolsa pra tirar o celular, ele enganchou. Aí, ele disse: 'Vou lhe atirar!'. Quando ele puxou o revólver, ela se assustou, correu pro outro lado do canteiro e ele atirou pelas costas", descreveu Jorge.

Ainda de acordo com o tio, os marginais fugiram do local sem levar a bolsa da vítima e a moto já estava ligada quando o garupa atirou. Colegas de Gabriela ainda tentaram ajudá-la, mas só conseguiram constatar que ela estava morta. Centenas de pessoas se apinharam diante da escola, que foi isolada logo após a chegada da Polícia Militar e de peritos da Força Nacional de Segurança. Muitos estudantes choravam e outros reclamavam muito da falta de segurança, relatando que já sofreram outros assaltos praticados por duplas de motoqueiros na mesma Avenida Centenário.

Segundo parentes, a própria Gabriela já tinha sido vítima de outra tentativa de assalto no ano passado, mas conseguiu escapar.

O mesmo clima de revolta continuou pela madrugada e por toda a manhã de ontem, durante o velório do corpo de Gabriela, que aconteceu na casa dos avós, no Jardim Centenário. O local ficou igualmente lotado de amigos e parentes. Profundamente abalados, os pais permaneceram sentados por todo o tempo e precisaram ser amparados. Já os outros parentes lamentavam, dizendo que tiveram suas vidas "destruídas" pelos marginais. Todos clamavam por justiça. "Não foi justo o que eles fizeram. Ela saiu da escola, foi procurar o sonho dela, pra vir um marginal e tirar a vida dela, por causa de um celular? Isso é muito injusto", desabafou Amanda Santos, outra tia da estudante.

O corpo foi levado no final da manhã para a cidade natal da família, Frei Paulo (Agreste), onde o enterro aconteceu às 16h30. No começo da noite, moradores do Bugio fizeram uma caminhada de protesto contra a violência, que saiu do final de linha do bairro até a Escola Paulo Costa, onde foram colocados arranjos de flores e cartazes com fotos e frases em homenagem a Gabriela. A direção da escola prestou solidariedade à família e suspendeu todas as aulas de ontem e de hoje.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Everton Santos, o caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que já levantou a identificação de um adolescente apontado como suspeito. Segundo ele, o crime de ontem "chocou toda a polícia" e a prisão dos matadores será uma questão de tempo. "Tenho certeza que vamos chegar neles em pouco tempo. Infelizmente, não posso trazer a vida dela de volta, mas posso confortar a família e dizer que a polícia vai atrás dos delinquentes", assegurou.

Texto e foto reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br

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