Morre o astrônomo Ronaldo Mourão
Morreu na noite desta sexta-feira o astrônomo Ronaldo
Rogério de Freitas Mourão, de 79 anos. Ele estava internado no Hospital Quinta
D’or desde sábado (19) com pneumonia dupla. O astrônomo também sofria do Mal de
Parkinson. Há cerca de duas semanas, Mourão sofreu um Acidente Vascular
Cerebral (AVC) hemorrágico.
Fundador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) e
pesquisador e sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
(IGHB), Ronaldo Rogério de Freitas Mourão ficou conhecido como uma das maiores
autoridades em astronomia do Brasil. O astrônomo, que publicou seus primeiros
artigos de divulgação científica na revista Ciência Popular, em 1952, possui
quase cem livros publicados e mais de mil ensaios publicados em livros,
revistas e jornais.
Entrou em 1956 para Universidade do Estado da Guanabara
(atual UERJ), onde obteve, em 1960, os títulos de Bacharel e Licenciado em
Física pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras. Foi nomeado em setembro
de 1956 Auxiliar de Astrônomo do Observatório Nacional, quando ainda cursava a
universidade. Em 1960, publicou o seu primeiro livro: Astronomia Popular,
edição especial da revista Ciência Popular.
Em julho de 1967, obteve o título de doutor pela
Universidade de Paris com menção “Très Honorables”. Em dezembro desse ano
voltou para o Brasil, reassumindo suas funções como astrônomo no Observatório
Nacional e de Pesquisador no Conselho Nacional de Pesquisa. Em março do ano
seguinte foi nomeado Astrônomo-Chefe da Divisão de Equatoriais.
Suas principais contribuições astronômicas foram efetuadas
no campo das estrelas duplas, asteróides, cometas e estudos das técnicas de
astrometria fotográfica. Em janeiro de 1997, foi agraciado pelo Instituto
Histórico e Geográfico de São Paulo com o colar do centenário e o respectivo
diploma, como destaque cultural do ano de 1996. Em março de 1999, tomou posse
na Academia Luso-Brasileira de Letras, na cadeira 38, que tem como patrono
Gregório de Matos. Em junho do mesmo ano, foi eleito membro da Academia
Brasileira de Filosofia, na cadeira 41, que tem como patrono Roberto Marinho de
Azevedo.
Ao lançar “O livro de ouro do universo”, em 2001, mais uma
obra sobre sua especialidade, o astrônomo acabou revelando que é cético em
relação às previsões dos astros. Durante uma entrevista, o cientista
surpreendeu ao comentar sobre a astrologia:
— É claro que os astros não mentem jamais. Eles não dizem
nada mesmo — disse.
O secretário Marcelo Belo David, que trabalhou com ele por
31 anos, ressaltou que Rogério Mourão é considerado um ícone na história da
astronomia brasileira.
— Ele era uma pessoa muito humana e maravilhosa. Fez muita
coisa pelo Brasil. Abriu mão de sua carreira internacional para se dedicar a
astronomia brasileira, um de seus grandes sonhos — contou.
Mourão deixa quatro filhos e dois netos. O corpo do
astrônomo será enterrado às 15h no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, e
está sendo velado na sala E.
Fonte: O Globo
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