terça-feira, 24 de novembro de 2009

Saudades do Semanário “O Pasquim”

Lembrar do semanário “O Pasquim” é motivo de boas e tristes lembranças. Foi um jornal que ajudou muitos jovens a saírem da alienação, despertando sua curiosidade política, atiçando seu senso crítico, fazendo com que questionassem em casa, junto a seus pais o que realmente estava acontecendo com o Brasil. Era um jornal esperado ansiosamente nas bancas, pois havia sempre aquela expectativa de que sua edição fosse apreendida a qualquer momento, como aconteceu na época com as revistas “Ele & Ela” e “Realidade”. Possuía uma equipe de jornalistas talentosos que sabiam driblar todo tipo de dificuldades, como a falta de publicidade, uma gestão capenga, censura prévia na redação, perseguições políticas e prisões. Mesmo assim a “patota” se divertia trabalhando, como nas longas entrevistas etílicas e nas animadas sessões fotográficas. “O Pasquim” tinha uma turma unida e de muita coragem, inteligência, criatividade, bom humor e disposição para muitas farras. Editavam um semanário que se mantinha praticamente com as vendas em bancas e como vendia todos os exemplares, já garantia a impressão da próxima edição. Alguns talentosos jornalistas que fizeram parte de “O Pasquim”: O internacional Newton Carlos que trabalhou até pouco tempo na Rádio Bandeirantes, Jaguar o grande timoneiro, Ziraldo com suas charges e textos impagáveis, juntamente com o saudoso Henfil, Millôr Fernandes inteligência saindo por todos os poros, Sérgio Augusto grande intelectual, Ivan Lessa com seu humor sarcástico, Sérgio Cabral grande conhecedor da música, Ruy Castro escritor de mão cheia, Tárik de Souza crítico musical, Nani e os saudosos Paulo Francis uma cultura geral invejável, Tarso de Castro um primor de artigos críticos, Fausto Wolff inconformado e sempre indignado com as falcatruas e coisas erradas deste país. Poderia citar ainda muitos outros que honraram e honram até hoje a nossa imprensa. Todos eles viveram momentos de grande repressão e censura, em um período negro em que o país vivia na ditadura e ajudaram na volta da Democracia e da Liberdade de Expressão, luta esta que deve ser contínua e vigiada, agora em mais este meio fantástico que é a internet.

Armando Maynard

4 comentários:

  1. É sempre importante lembrar O Pasquim, Armando. Foi nesse pessoal que eu me inspirei pra criar o Jornal da Lua. Alguns anos atrás, foram lançadas, em livro, duas coletâneas com reproduções de páginas de O Pasquim, não sei se você ficou sabendo. Talvez valha a pena uma pesquisa no Google e fazer outro post, hein? Digo isso porque ando com o tempo meio curto pra pesquisar e, infelizmente, não comprei os livros na ocasião. Talvez você tenha mais tempo do que eu e possa repassar essa boa notícia para os leitores. Só não tenho certeza se os livros ainda estão em catálogo. Mas é uma boa,não?
    Aquele abraço!

    ResponderExcluir
  2. ARMANDO MAYNARD, acabou o " O Pasquim" do qual eu era leitor compulsivo, mas as bandalheiras e falcatruas,continuam em ritimo alucinante.

    O que eu fico abismado, Armando Maynard, é que apesar destes rombos estratosféricos, o país
    continua a crescer, como se nada tivesse acontecendo.

    Quando eu era mais novo, aqui no Rio de Janeiro dizia-se que isto acontecia porque os caras roubavam de dia, e o Brasil crescia a noite enquanto eles dormiam (rs).

    Este negócio, agora do Arruda, ora faça-me um favor...

    Mas, Armando,humor ainda é a melhor saida e permita-me para convidar-lhe a participar de uma.

    No meu blog, FOTOFALDA eu recebi três propostas irrecusáveis, e gostaria que você desse sua opinião de qual eu deveria optar.

    Um grande abraço carioca e estou sempre , por aqui.

    ResponderExcluir
  3. Desculpe erro de digitação: o blog é FOTOFALADA.

    ResponderExcluir
  4. Eu peguei apenas a fase do Pasquim 21 que não durou muito infelizmente...

    ResponderExcluir