Publicado originalmente no site G1 Rio, em 10/09/2018
Morre o acadêmico Helio Jaguaribe
Ele foi o nono ocupante da cadeira nº 11 da Academia
Brasileira de Letras. Eleito em 3 de março de 2005, sucedeu o economista Celso
Furtado.
Por G1 Rio
Morre o intelectual Hélio Jaguaribe
O acadêmico, jurista, sociólogo e escritor Helio Jaguaribe
faleceu na noite deste domingo (9), em sua residência, no bairro de Copacabana,
no Rio de Janeiro, vítima de falência múltipla dos órgãos. O corpo de Jaguaribe
será velado na Sala dos Poetas Românticos, no Petit Trianon, a partir das 10h
desta quarta-feira (12). O sepultamento está previsto para o mesmo dia, às 15h,
no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Cemitério São João
Batista, em Botafogo. O acadêmico deixa viúva e cinco filhos.
Nono ocupante da Cadeira nº 11 da ABL, Helio Jaguaribe foi
eleito em 3 de março de 2005, na sucessão de Celso Furtado.
"Pare ele, ação e pensamento permanecem indissociáveis,
como Darcy Ribeiro e Celso Furtado, que o precederam na cadeira 11. Cientista
político de alta erudição e consciência vigilante, deixou obra vasta e
criativa. Cito apenas dois títulos: 'A dependência político-econômica da
América Latina', verdadeiro clássico na área, e 'Um estudo crítico da história',
divisor de águas da interpretação do processo histórico publicado em nosso
país. Homem de gestos largos e entusiasmado, Helio continua vivo pelas virtudes
de sua obra, saudosa do futuro”, disse o presidente da ABL, Marco Lucchesi.
Trajetória
Helio Jaguaribe de Mattos nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de
abril de 1923, diplomando-se em Direito, em 1946, pela PUC-Rio.
Em 1952, iniciou, com um grupo de jovens cientistas sociais,
um projeto de estudos para a reformulação do entendimento da sociedade
brasileira, fundando o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política
(Ibesp), do qual foi secretário-geral e diretor da revista do Instituto,
"Cadernos de nosso tempo", de relevante influência no Brasil e na
América Latina.
Em 1956, promoveu a constituição do Instituto Superior de
Estudos Brasileiros (Iseb), uma instituição de altos estudos, do Ministério da
Educação e Cultura, no campo das Ciências Sociais, do qual foi designado chefe
do Departamento de Ciência Política.
Ele pediu exoneração de ambas as funções em 1959, por
discordância com mudanças na orientação dos institutos. Passou, então, alguns
anos colaborando, sem vínculos permanentes, com diversas instituições
acadêmicas, no Brasil e no exterior.
Em 1964, depois de pública condenação do golpe militar,
afastou-se do país e foi lecionar nos Estados Unidos. De 1964 a 1966, ele
trabalhou na Universidade de Harvard; de 1966 a 1967, na Universidade de
Stanford; e de 1968 a 1969, no MIT – Massachusets Institute of Tecnology.
Retornando ao Brasil em 1969, Jaguaribe ingressou no
Conjunto Universitário Cândido Mendes onde, por alguns anos, foi diretor de
Assuntos Internacionais. Com a fundação do Instituto de Estudos Políticos e Sociais,
em 1979, foi designado decano, função que exerceu até 2003.
Naquela data, completando 80 anos, propôs sua substituição
por alguém mais jovem, o professor Francisco Weffort, ex-Ministro da Cultura do
Governo Fernando Henrique Cardoso, que foi escolhido para o cargo. Para
Jaguaribe foi conferido o título de decano emérito e, nessa função, continuou
suas pesquisas.
Por sua contribuição às Ciências Sociais, aos estudos
latino-americanos e à análise das Relações Internacionais, recebeu o grau de
Doutor Honoris Causa da Universidade de Johannes Gutenberg, de Mainz, RFA (em
1983); da Universidade Federal da Paraíba (em 1992) e da Universidade de Buenos
Aires (em 2001).
Em 1996, foi agraciado, por sua contribuição às Ciências
Sociais, com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Em 1999, o
Ministério da Cultura conferiu, por sua contribuição ao desenvolvimento
cultural do país, a Ordem do Mérito Cultural.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/rj
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